Monteiro Lobato-Livro a Livro

Livro percorre obras infantis de Monteiro LobatoPesquisadores recuperam trajetória do escritor

12/03/2009

Monteiro Lobato: livro a livro, lançado pela Editora Unesp, dedica um capítulo a cada título infantil do escritor, acompanhando a cronologia de lançamento de suas primeiras edições. A obra é organizada por Marisa Lajolo, professora da Unicamp e da Universidade Mackenzie, e João Luís Ceccantini, docente de Literatura Brasileira na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Assis.
Abrem o livro discussões breves sobre linguagem, imagens, ilustrações e práticas editoriais do escritor. A coletânea mostra como Lobato, que foi pintor, escritor, advogado, diplomata, fazendeiro, tradutor, empresário, editor, tem sua imagem profundamente ligada à de autor de livros de literatura infantil que muitas gerações guardam carinhosamente na memória.
Seria como criador do espaço mágico Sítio do Picapau Amarelo que ele se revela inovador e arrojado, empenhado em conferir à infância um lugar no qual, antecipando tendências, a criança tinha papel de destaque.
O exame de suas obras desnuda um comportamento bastante regular e sistemático do escritor paulista. Ele, por exemplo, gostava de reescrever as histórias, preocupado constantemente e de modo especial com a linguagem, desejando tornar sempre mais clara e objetiva sua ligação com os leitores.
Assim, são muitas as oportunidades de observar sua natureza de artífice da palavra, trabalhando duramente para imprimir aos textos a clareza cristalina que defendia para a literatura.
Esta coletânea, nascida de pesquisas desenvolvidas na Unicamp e na Unesp, reúne novas análises da obra lobatiana, que sugerem novas pesquisas ou simplesmente novas leituras.
Utilizando muito material que chega ao leitor pela primeira vez, seus autores procuram traçar uma história original da leitura do Brasil de Lobato e, em especial, revisitam a trajetória editorial de cada livro infantil, por meio de uma observação fina das alterações imprimidas nas várias edições dos livros do criador do Sítio do Picapau Amarelo.
Ainda que as análises se fundamentem em teorias literárias de ponta e o livro tenha sido concebido no contexto universitário, o destinatário privilegiado desta obra é o leitor comum, como o idealizara Lobato e para quem a magia de suas histórias era dirigida, razão pela qual se evitou uma linguagem excessivamente técnica e se fixou como meta principal multiplicar a possibilidade de fruição e de encantamento das histórias do Sítio, ao iluminar sua gênese, bastidores e percursos.
Os organizadores - Marisa Lajolo é professora da Unicamp e da Universidade Mackenzie. Publicou várias obras sobre leitura no Brasil. Coordenou o projeto temático que trabalhou com a documentação lobatiana depositada na Unicamp. João Luís Ceccantini é professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Assis e desde 1989 tem realizado pesquisas sobre leitura, literatura infantil e juvenil, formação de leitores e literatura brasileira contemporânea.
Título: Monteiro Lobato, livro a livro: Obra infantil Organizadores: Marisa Lajolo e João Luís CeccantiniNúmero de páginas: 512 Preço: R$ 62 Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser adquiridos pelo site www.editoraunesp.com.brou telefone (11) 3242-7171.

Assessoria de Comunicação e Imprensa UNESP

www.unesp.br - Acessado em 20/03/2009
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A Leitura em alta- O Estado de São paulo

Projetos de leitura crescem no País

Domingo, 4 de Janeiro de 2009, Simone Iwasso, Edison Veiga e José Luis da Conceição, O Estado de S. Paulo

Em dois anos, mais do que triplicou o número de iniciativas no Brasil que facilitam acesso da população ao livro
Eles sabem que metade da população adulta é analfabeta funcional, que os brasileiros não leem nem dois livros por ano e que os estudantes estão entre os piores do mundo em testes de leitura. Mesmo assim, contrariando uma realidade preocupante, uma série de pessoas sozinhas, organizações não-governamentais e mesmo municípios e Estados estão multiplicando projetos de incentivo à leitura pelo País. Dados do Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL), dos Ministérios da Cultura e da Educação, mostram que o número de projetos cadastrados saltou de 162 em 2006 para quase 600 em 2008.
A última edição do Prêmio Vivaleitura, por exemplo, teve 1.899 projetos inscritos de todos os Estados, tanto das capitais quanto dos pequenos municípios do interior do País. São bibliotecas em casas de palafita na região amazônica, nas garagens da periferia de grandes cidades, no lombo de animais, nos carrinhos de catadores de papel, no porta-malas de carros, em ônibus adaptados. Vizinhos que se unem e criam grupos de leitura, professores que criam modelos pedagógicos para serem usados extraclasse, redes de ensino que reformularam seus programas.
“A principal característica deles é que boa parte envolve um alto grau de voluntariedade e criatividade”, afirma Jefferson Assumpção, coordenador-geral de Livro e Leitura do Ministério da Cultura. “Apesar de haver muitos geridos por governos e empresas, geralmente os projetos são criados por pessoas que se sentem modificadas pela leitura, que desenvolvem uma profunda relação com os livros e que querem levar isso para os outros”, diz.
Em Alto Alegre do Pindaré, uma cidade maranhense com menos de 30 mil habitantes, um jegue circula pelas ruas de terra carregando bolsas cheias de livros. Senhoras, crianças e adultos formam fila para emprestar até dois exemplares por vez, todas as semanas. Em Florianópolis, uma moradora do bairro da Lagoa da Conceição construiu uma biblioteca dentro de um barco para que pudesse emprestar livros para várias comunidades, inclusive as de difícil acesso - o projeto hoje é coordenado por uma ONG chamada Sociedade Amantes da Leitura.
“O essencial em um projeto é possibilitar que a biblioteca saia do prédio fechado e chegue até as pessoas”, diz Lourdes Atiê, coordenadora pedagógica do Prêmio Vivaleitura, uma iniciativa criada há três anos pelos Ministérios da Educação, da Cultura e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI), com patrocínio da Fundação Santillana. “Depois disso, precisam pensar não apenas em distribuir os livros, mas em ajudar para formar um leitor autônomo. A universidade precisa dialogar com a comunidade, a escola precisa atrair o interesse do seu aluno e a sociedade deve ajudar a ter canais entre pessoas e livros.”
EM VEZ DE LIXO, LIVROS
“Ler e brincar, é só começar”, reza o lema de um projeto na Liberdade, região central de São Paulo. A cada duas semanas, sempre às terças-feiras, uma carroça de catadores de lixo sai da sede da Associação Maria Flos Carmeli, na Rua do Glicério, e estaciona no pátio da Igreja Nossa Senhora da Paz, a poucos metros dali. Em vez de lixo, a carroça fica carregada de livros. Poucos minutos depois, está rodeada de crianças, na maioria alunos da escola municipal que funciona ali pertinho, atentas às histórias contadas pelo jovem Fábio Pereira de Abreu, de 29 anos.
E quem é esse sujeito, capaz de cativar as crianças com livros? Paulistano da Vila Brasilândia, zona norte da capital, ele já tinha trabalhado como contínuo, auxiliar de expedição e em uma lan house, até conhecer a associação. Acabou contratado como monitor de informática. Há um ano, foi convidado pela coordenadora pedagógica da ONG, Silvana do Nascimento, para fazer um teste de mediação de leitura. Ele nem sabia muito bem o que era isso, mas já adorava crianças. Sua experiência anterior em algo parecido eram as peças teatrais que ele encenava com os colegas em uma igreja na Vila Brasilândia, quando adolescente.
Fábio foi aprovado. “Sou fascinado por criança”, não se cansa de afirmar. “É preciso ter um cuidado especial para ler para elas. Comecei utilizando fantoche, depois fui criando fantasias que tinham a ver com as histórias.” Foi assim quando leu A Casa Sonolenta, de Audrey Wood, sobre um lugar em que todos viviam dormindo. “Coloquei pijama e pantufas”, lembra. Foi um sucesso.
Depois disso, a cada história, inventava uma fantasia. Vestiu-se até de galinha. “Ler para as crianças é o que mais gosto de fazer”, conta. “Quando estou fantasiado, elas ficam em dúvida se sou eu mesmo”, diz. Ao se preparar para contar Os Três Lobinhos e o Porco Mau, de Eugene Trivizas, no dia 2 de dezembro, resolveu inventar uma espécie de personagem-coringa. “Transformei-me no ?Palhaço das Histórias?”, diz. Ele pretende repetir o personagem em outras sessões.
A carreira de contador de histórias mudou a rotina de Fábio. Ele, que não tinha o hábito da leitura, agora devora oito obras por semana - todas infantis. “Não sabia nada de literatura infantil”, revela. “No começo, a coordenadora pedagógica da associação era quem indicava os títulos que devia ler.” Tomou tanto gosto pela coisa que acabou entrando no curso de Pedagogia, na Uninove.
E de onde veio a ideia de levar os livros nessas carroças? “As crianças que atendemos aqui na associação (cerca de 90, de 3 a 6 anos) são, em sua maioria, filhos de catadores de material reciclável”, explica a coordenadora pedagógica, Silvana do Nascimento. Quem leva a carroça até o pátio, a cada 15 dias, é um carroceiro profissional, pai de algumas das crianças atendidas.
O acervo da ONG é formado, principalmente, por livros recebidos em doação. São 1,8 mil títulos. A cada evento, a carroça leva 400 deles. Os livros podem ser emprestados pela criançada - em média, são retirados 82 por mês -, que se compromete a devolver na quinzena seguinte. “As crianças cuidam bem dos livros”, se orgulha Fábio. “Até hoje, perdemos apenas dois exemplares.”
NÚMEROS
4,7 livrosé a média de leitura anual da população brasileira, incluindo a Bíblia e livros didáticos e técnicos, segundo pesquisa feita no anopassado com adolescentes e adultos pelo Instituto Pró-Livro
1,3 livroé o número de obras que os brasileiros leem por ano por vontade própria, sem ser obrigados por escolas ou universidades
1,1 livroé o número de obras que as pessoas compram por ano
39% dos leitoresbrasileiros têm até 17 anos, ou seja, estão em idade escolar e leem livros indicados pela escola; 14% têm entre 18 e 24 anos, idadecompatível com ensino superior
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Prêmio Viva leitura 2009

O Prêmio VivaLeitura, que já identificou mais de 7 mil projetos de fomento à leitura desenvolvidos em todo o Brasil, terá sua versão 2009 lançada nesta quarta-feira, 4 de março, a partir das 9h30. O evento será realizado no escritório regional de Brasília da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), instituição que organiza o prêmio e que também inaugura um espaço especial dedicado exclusivamente ao VivaLeitura. Informações pelo telefone 0800 77 00987.
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